Pé Torto Congênito

O pé torto congênito é uma deformidade presente ao nascimento, caracterizada pelo desalinhamento dos pés, que pode comprometer a marcha e a qualidade de vida da criança se não for tratado precocemente. Essa condição ocorre em aproximadamente 1 a cada 1000 nascidos vivos e pode afetar um ou ambos os pés.

Com os avanços no tratamento, a abordagem atual é baseada no Método de Ponseti, um protocolo minimamente invasivo que proporciona excelentes resultados sem a necessidade de cirurgias extensas. O diagnóstico é feito por meio do exame clínico logo após o nascimento e, em alguns casos, pode ser identificado durante a gestação por meio de exames de imagem.

Com um acompanhamento adequado, a grande maioria das crianças consegue desenvolver uma marcha normal e alcançar um alinhamento funcional dos pés.

Principais Características do Pé Torto Congênito

  • Deformidade nos pés que os posiciona para dentro e para baixo, tornando a mobilidade limitada.
  • Presença de rigidez articular, impedindo que o pé se mova livremente.
  • Pode afetar um ou ambos os pés, sendo bilateral em cerca de 50% dos casos.
  • Não está associado à dor ao nascimento, mas pode causar desconforto e dificuldades para caminhar se não for tratado.

Com um diagnóstico precoce e um tratamento adequado, a maioria das crianças com pé torto congênito pode alcançar um desenvolvimento motor normal, evitando complicações futuras. A eficácia do tratamento está diretamente ligada ao início da intervenção, preferencialmente nas primeiras semanas de vida.

O Método de Ponseti é atualmente considerado o padrão ouro para a correção do pé torto congênito. Esse método baseia-se em um protocolo de manipulação progressiva e gessos seriados, que gradualmente corrigem a deformidade sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos extensos. A grande vantagem dessa abordagem é que ela proporciona um pé funcional, flexível e indolor, permitindo que a criança desenvolva uma marcha estável e natural.

Abordagem do Tratamento

  • Gessos seriados (Método de Ponseti): Manipulações suaves e imobilização progressiva para corrigir a deformidade de forma gradual.
  • Tenotomia do tendão de Aquiles: Pequeno procedimento realizado ao final do tratamento com gessos, essencial para corrigir a flexibilidade do pé.
  • Uso de órteses: Após a correção com gesso, a manutenção da posição é feita com órteses especiais para evitar recidivas.
  • Cirurgia ortopédica: Indicada apenas para casos mais graves ou quando há falha no tratamento conservador.

Além da correção inicial, a fase de manutenção é essencial para evitar recidivas. Após a remoção dos gessos, a criança precisa utilizar órteses de abdução, que ajudam a manter a posição corrigida dos pés. Essa etapa dura até os 4 anos de idade, sendo fundamental para evitar que o pé volte à posição inicial.

Nos casos mais graves, onde há rigidez severa ou falha na resposta ao tratamento conservador, pode ser necessária uma cirurgia corretiva. O procedimento mais comum é a tenotomia do tendão de Aquiles, realizada de forma minimamente invasiva, para restaurar a mobilidade adequada do tornozelo.

Com um tratamento bem conduzido, a criança pode:

  • Desenvolver a capacidade de andar normalmente, sem limitações motoras;
  • Evitar complicações futuras, como deformidades ósseas ou dificuldades na marcha;
  • Ter uma vida ativa e funcional, participando de atividades físicas e esportivas sem restrições;
  • Evitar a necessidade de cirurgias mais invasivas no futuro.

A adesão ao tratamento e o acompanhamento regular com o ortopedista pediátrico são essenciais para garantir um desenvolvimento motor saudável e uma marcha funcional ao longo da infância e adolescência.