Atrofia Muscular Espinhal (AME)
A Atrofia Muscular Espinhal (AME) é uma doença genética rara que afeta os neurônios motores, responsáveis pelos movimentos voluntários do corpo. Ela é causada pela falta ou mau funcionamento da proteína SMN (Survival Motor Neuron), essencial para a sobrevivência dessas células nervosas. Sem essa proteína, os neurônios motores se degeneram, levando à fraqueza muscular progressiva e dificuldades motoras, respiratórias e posturais.
Existem diferentes formas da AME, variando em gravidade de acordo com a idade do início dos sintomas e a capacidade motora do paciente. Embora seja uma condição degenerativa, o diagnóstico precoce e a abordagem multidisciplinar podem melhorar significativamente a qualidade de vida.

Principais Sintomas
Os sinais da AME variam conforme o tipo, mas geralmente incluem:
- Fraqueza muscular progressiva, principalmente nos braços, pernas e tronco.
- Dificuldade em sustentar a cabeça, sentar-se ou andar (dependendo da gravidade).
- Comprometimento respiratório, devido à fraqueza dos músculos que controlam a respiração.
- Problemas ortopédicos, como escoliose, luxação do quadril e deformidades nos pés.
- Dificuldades de deglutição e alimentação, em casos mais graves.
Classificação dos Tipos de AME
A AME é dividida em cinco tipos principais:
- AME Tipo 0: A mais rara e severa, já manifesta antes do nascimento. Bebês apresentam fraqueza extrema, dificuldades respiratórias graves e sobrevida muito limitada.
- AME Tipo 1 (Werdnig-Hoffman): Os sintomas surgem antes dos 6 meses. Bebês não conseguem sentar-se sem apoio, têm dificuldades respiratórias e motoras significativas.
- AME Tipo 2 (Dubowitz): Aparece entre 6 e 18 meses. Crianças conseguem sentar-se sem apoio, mas não chegam a andar. A fraqueza muscular pode levar a complicações respiratórias e escoliose.
- AME Tipo 3 (Kugelberg-Welander): Os primeiros sinais surgem após os 18 meses. Crianças conseguem andar, mas podem perder essa capacidade ao longo dos anos, especialmente na adolescência.
- AME Tipo 4: Forma mais branda, manifestando-se na idade adulta, geralmente após os 20 anos. A fraqueza muscular é leve a moderada, sem grandes impactos na respiração.
Tratamentos e Abordagem Multidisciplinar
Embora ainda não exista uma cura definitiva para a AME, avanços recentes na medicina trouxeram tratamentos que ajudam a retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida. O acompanhamento multidisciplinar com ortopedistas pediátricos, neurologistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais é essencial para manter a função motora e prevenir complicações.
1)Terapia Gênica e Medicamentosa
Atualmente, existem tratamentos que atuam diretamente na causa da AME, estimulando a produção da proteína SMN:
- Spinraza (Nusinersen): Medicação aplicada diretamente no líquido cefalorraquidiano para aumentar a produção da proteína SMN. Pode melhorar a função motora e reduzir a progressão da fraqueza.
- Zolgensma (Onasemnogene abeparvovec-xioi): Terapia gênica de dose única que introduz uma cópia funcional do gene SMN1, evitando a perda contínua dos neurônios motores.
- Risdiplam (Evrysdi): Medicamento oral que modula a produção da proteína SMN, melhorando a função muscular e atrasando a progressão da doença.
2)Fisioterapia e Cuidados Motores
A fraqueza muscular da AME pode levar a contraturas articulares, escoliose e dificuldades na postura. A fisioterapia especializada tem um papel essencial para manter a mobilidade e evitar complicações:
- Alongamentos diários para prevenir encurtamentos musculares e deformidades.
- Uso de parapodium e mesas ortostáticas para favorecer o suporte de peso e estimular o fortalecimento ósseo.
- Fisioterapia respiratória para auxiliar na expansão pulmonar e evitar infecções respiratórias.
3)Uso de Órteses e Dispositivos de Apoio
As órteses são essenciais para melhorar a estabilidade, corrigir desalinhamentos e permitir maior independência funcional:
- Órteses de membros inferiores e superiores para manter o alinhamento das articulações e reduzir o risco de contraturas.
- Coletes ortopédicos para minimizar o avanço da escoliose.
- Cadeiras de rodas adaptadas para mobilidade, dependendo do grau de comprometimento.
4)Cirurgias Ortopédicas
Em alguns casos, procedimentos cirúrgicos são necessários para corrigir deformidades ósseas que afetam a postura e a funcionalidade:
- Correção de escoliose, geralmente recomendada quando a curvatura da coluna ultrapassa 40°.
- Correção da luxação do quadril, que pode causar dor e dificuldades para se sentar corretamente.
- Alongamento de tendões, em casos de encurtamentos musculares graves que limitam os movimentos.
5)Suporte Nutricional
A fraqueza dos músculos responsáveis pela mastigação e deglutição pode levar a dificuldades na alimentação. O suporte nutricional pode incluir:
- Adaptação da dieta para evitar engasgos e garantir uma nutrição equilibrada.
- Uso de sonda nasogástrica ou gastrostomia em casos mais graves para garantir ingestão adequada de calorias e nutrientes.
O manejo adequado da AME vai além dos tratamentos médicos. A reabilitação contínua e os cuidados diários fazem uma grande diferença no bem-estar e na independência dos pacientes. Algumas medidas essenciais incluem:
- Posicionamento adequado na cama e cadeira de rodas para evitar complicações posturais.
- Atividades adaptadas e estimulação precoce para desenvolver habilidades funcionais dentro das limitações de cada paciente.
- Acompanhamento psicológico e suporte familiar, pois o impacto emocional da AME exige acolhimento e orientação.
A Atrofia Muscular Espinhal é uma condição complexa, mas os avanços no tratamento e o acompanhamento multidisciplinar permitem que os pacientes tenham mais qualidade de vida e funcionalidade. O diagnóstico precoce e a intervenção adequada fazem toda a diferença para retardar a progressão da doença e maximizar a independência dos indivíduos afetados.
Se o seu filho recebeu o diagnóstico de AME, agende uma consulta para uma avaliação especializada e obtenha o suporte necessário para garantir um acompanhamento completo e eficaz.