Cirurgia preservadora do quadril

O quadril é uma articulação essencial para a mobilidade e qualidade de vida das crianças e adolescentes. Em algumas condições, como displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) e paralisia cerebral (PC), a articulação pode se tornar instável ao longo do tempo, aumentando o risco de dor, perda de função e necessidade de tratamentos mais invasivos no futuro.

A cirurgia preservadora do quadril é um conjunto de procedimentos que visam corrigir alterações estruturais, melhorar o encaixe da articulação e reduzir o desgaste precoce. Esse tipo de intervenção pode evitar complicações a longo prazo e, em muitos casos, adiar ou eliminar a necessidade de próteses no futuro.

Quando a cirurgia preservadora do quadril é indicada?

Esse tipo de cirurgia pode ser indicado em casos onde já há sinais de alteração na articulação, mas ainda existe potencial para preservar sua função. Algumas das principais situações incluem:

  • Displasia do quadril – quando a articulação não está bem formada e apresenta tendência à instabilidade
  • Subluxação do quadril na paralisia cerebral – quando a cabeça do fêmur começa a se deslocar gradualmente do acetábulo
  • Alterações ósseas que prejudicam o encaixe da articulação – como o formato alterado do fêmur ou do acetábulo, comuns em algumas doenças neuromusculares

A detecção precoce dessas alterações, por meio de exames clínicos e de imagem, é essencial para determinar o melhor momento para a cirurgia e garantir resultados eficazes.

Como a cirurgia preservadora do quadril funciona?

A abordagem cirúrgica varia de acordo com a causa do problema e o grau de comprometimento da articulação. Entre as principais técnicas utilizadas estão:

Liberação muscular e crescimento guiado

Nos casos iniciais, em que há apenas um desalinhamento leve da articulação, pode-se optar por procedimentos minimamente invasivos, como:

  • Liberação de músculos tensos (como adutores e flexores do quadril), ajudando a reduzir a tração excessiva sobre a articulação
  • Crescimento guiado do fêmur – técnica que ajusta o crescimento ósseo para melhorar o posicionamento da articulação e retardar a progressão da instabilidade

Osteotomias corretivas

Se a articulação já apresenta alterações estruturais mais significativas, a cirurgia pode incluir osteotomias, que são cortes estratégicos no osso para melhorar o alinhamento do quadril. Entre as principais estão:

  • Osteotomia femoral – ajusta o ângulo do fêmur para melhorar o encaixe da cabeça femoral no acetábulo
  • Osteotomia pélvica – remodela o acetábulo, tornando-o mais profundo e estável para acomodar melhor a cabeça do fêmur

Esses procedimentos ajudam a restaurar a anatomia do quadril e evitar a progressão da instabilidade, permitindo um desenvolvimento mais adequado da articulação.

Casos avançados e estratégias para alívio da dor

Se o quadril já passou muitos anos desalinhado e desenvolveu alterações degenerativas, a cirurgia pode ter um foco diferente. Nesses casos, os procedimentos são planejados para aliviar a dor e melhorar o conforto do paciente, mas sem a expectativa de restaurar completamente a anatomia normal.

Para crianças e adolescentes que não andam, melhorar a posição do quadril pode facilitar atividades diárias, como posicionamento na cadeira de rodas, higiene e conforto na hora de dormir.

Qual a recuperação da cirurgia preservadora do quadril?

O tempo de recuperação depende da complexidade do procedimento, mas em muitos casos, não é necessário o uso de gesso, graças aos avanços nas técnicas cirúrgicas e na fixação óssea.

O acompanhamento pós-operatório pode incluir:

  • Fisioterapia especializada, para recuperação da força muscular e da mobilidade
  • Uso de órteses, em alguns casos, para estabilizar a articulação durante a cicatrização
  • Monitoramento com exames periódicos, para avaliar a evolução da articulação e evitar novas instabilidades

Quando procurar um ortopedista pediátrico?

Se houver histórico de problemas no quadril ou qualquer sinal de instabilidade, dor ou limitação de movimento, é essencial buscar uma avaliação especializada. A detecção precoce das alterações pode permitir um tratamento menos invasivo e melhores resultados a longo prazo.

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